Vi um trecho de uma entrevista com um escritor famoso recentemente na TV – esqueci o nome do bendito agora, mas acho que era cronista* – e ao ouvi-lo dizer que “os escritores escrevem sobre aquilo que lhes incomoda”, algo assim, imediatamente fui à geladeira, abri a porta e pus-me a refletir:
“Escrever, assim, é uma reação ao incômodo, é uma ação de mudança. Hãnn... preciso descongelar o freezer... Muito gelo... E todo discurso é ideológico, lembra? Como será que faço pra descongelar o freezer? E as ideologias, por sua vez, obedecem a interesses. Amanhã eu pergunto à minha mãe. Os escritores – e os jornalistas, os blogueiros, os blogueiros jornalistas e comunicólogos em geral – portanto, formadores de opinião armados de mídia, tentam mudar o mundo atuando na esfera intelectual conforme certos interesses. Hum, só tem uma polpa de graviola; comprar mais amanhã.”
Lembrei que não podia mais ignorar o alarde do globo repórter sobre o aquecimento global e fechei a geladeira. Aí eu não pensei mais nisso. Mas resolvi colocar isso aqui por dois motivos:
UM
Esse blog funciona como parte importante da experiência científica dedicada a saber se ‘quem fala demais, fala besteira’, como dizem. E também, se o número de vezes que eu me arrepender por ter postado alguma dessas aqui confirmará o produto de uma fórmula matemática de um ramo obscuro da neuro-antropologia, que sem sombra de dúvida ninguém está interessado em saber qual é – fiquem tranqüilos, vacilantes usuários de adjetivos como ‘obscuro’.
Obs.: Como medir, analisar e avaliar se o que será dito aqui e em outras partes também será ou não idiotice, de forma rigorosamente científica, é um problema adicional à pesquisa. Não necessariamente meu.
DOIS
Quem sabe alguém tem a resposta pra pergunta abaixo:
Mas se tudo é relativo e não há verdade absoluta, e se os discursos e as ideologias são motivados por interesses diversos, e muitas vezes conflitantes, que ainda por cima transformam-se o tempo todo, como saber se não estou ajudando a deixar o mundo mais parecido com o mundo desejado de alguém com interesses conflitantes aos meus?
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Eu também acho que é uma pergunta bem grande.
* É claro que Cronista não é o nome dele. “Sr. Cronista Guimarães”. Hum... Até que soa bem.
25 maio 2007
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Um comentário:
Paulo:
a filosofia é uma das áreas + fascinantes do conhecimento. Bom pra acabar de complicar é fazer consultas homeopáticas aos 'pensadores' (voz da experiência: não se deve ir com muita sede ao pote, sob o risco de 'dar um nó no cérebro').
Passei por aqui antes, + não tive tempo de postar.
Feliz blog novo,
Juciara
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