Pirâmides, plágio retroativo e mais frases de efeito.

“A vida é curta demais pra ser melhor”. Essa frase é atribuída à Madonna. Não que eu duvide. Dá pra fazer muitas coisas com o dinheiro que ela tem, inclusive ficar entediado. Mas, sem mais sarcasmo, é de uma sabedoria arrebatadora, não?

Veja, eu estou realmente feliz de ser quem eu sou. Quer dizer: eu tenho todos os membros, nenhum dente faltando e trabalho com o que gosto. E no ar condicionado. Até ando pelado pela sala de casa, bem como Alanis recomenda.

Mas ainda tem tanta coisa que eu acabei de descobrir. Eu tô falando de explorar o mundo. Porra, já teve tanta coisa antes de você ou de mim. Tanta coisa foi deixada por aqueles que vieram antes de nós: as pirâmides do Egito, a Biblioteca de Alexandria, o zodíaco chinês, o sistema previdenciário... Eu preciso de tempo pra absorver isso tudo. Como é que dá pra conhecer o mundo e fazer alguma coisa nele, inédita e significativa, numa vida só?

Meu pai já conseguiu ter um abatedouro de frangos e depois, no mesmo imóvel, uma confecção de roupas; e no quintal de nossa casa uma criação de codornas e um laboratório de produtos de limpeza e perfumes. Juro. As codornas já viraram tira-gosto junto com os ovos cozidos, mas ainda vendemos contratipos do Channel nº 5 e desinfetantes com a mesma essência dos que usam no Iguatemi. É uma pessoa a fim de experimentar ou não? É disso que estou falando! É esse o espírito!

Eu só tive o meu primeiro porre na semana passada*, dias depois de comer o primeiro muffin (igualzinho ao do ‘Central Perk’) da minha vida. Os primeiros cookies foram nessa semana – já percebeu que tô vivendo o sonho americano né?

Tem tanta coisa que eu quero fazer. Aprender japonês, francês e italiano. Perder três quilos. Tocar violão direito. Aprender a tocar Bateria. Botar um apelido em alguém. Compor no piano. Aprender piano antes. Visitar o Louvre. Encurralar um crítico de cinema. Fazer esculturas. Gostar de Nação Zumbi. Aprender capoeira. Comer comida tailandesa. Decorar os trechos dos livros que mais gosto. Colocar os meus pôsteres de filme na parede do quarto. Aprender a mexer no Photoshop e no Ilustrator. Ser indicado ao Oscar. Assistir ao final de Lost. Meu Deus, eu ainda não vi Blade Runner!!!

E é angustiante a quantidade de livros que eu ainda quero ler só pra saber se minhas idéias foram plagiadas antes mesmo de eu botar pra fora. “O inferno são os outros”? Eu poderia ter dito isso. E provavelmente disse.

Dá trabalho ser megalomaníaco. Fazer alguma coisa inédita e significativa depois de Douglas Adams, Raul Seixas, Neil Gaiman e Alan Moore? Não sei... Vê o Paulo Coelho. Acha que se ele estivesse satisfeito com o sucesso que tem, ainda estaria escrevendo? É... “A vida é breve, a arte, longa”. Só pra quem güenta... Coisa pra quem já subiu vários degraus na pirâmide do Maslow.

* Se não está preparado para fortes convulsões estomacais, nunca misture cerveja quente, vinho barato e um tal de ‘Príncipe Maluco’ com umbu, principalmente no Carnaval.