13 março 2009

Watching Watchmen


Se eu parar mais um pouco pra pensar no assunto, provavelmente vou concordar com todo mundo que diz que ‘concordar por si só com o que alguém já disse num debate não acrescenta nada à discussão’, MAANNSS, tendo em vista que a blogosfera nerd hoje já é grande demais pra ser acompanhada por inteiro por qualquer um, vale aqui fazer o registro do que tem sido comentado por aí sobre o filme de Watchmen e com o quê eu tenho concordado e discordado sobre isso (que é o que importa aqui).

Como adaptação cinematográfica, Watchmen está sujeito às mesmas perguntas de sempre: O filme é melhor ou pior que a obra original? Quem não leu a HQ vai entender ou gostar do filme? Nisso, vou logo concordando com Érico Borgo quando recomenda ao leigo que o espírito dessa ida ao cinema deve ser bem diferente daquela de um filme casual.

Bão, é claro que não dá pra avisar todo mundo. Mas aí é que tá. Conseguiria o filme se fazer entender em todos seus aspectos pro público não leitor de quadrinhos? Eu conheço gente que nunca havia lido a HQ (ou quadrinho algum) e achou o filme o pior que viu na vida, e gente que curtiu muito e gente que curtiu e só.

Sabendo que vai nos ser exigido mais que apenas sentar e abrir os olhos durante a sessão, a possibilidade de que todos aqueles personagens, suas motivações e traumas sejam absorvidos, o impacto social e político de super-heróis no mundo real, aquele cenário tenso de um 1985 alternativo, enfim, todo aquele mundo tão rico só vai fazer sentido, pra quem, mais do que abrir os olhos, consiga abrir a mente. É pretensioso e clichê, mas ainda é a forma mais curta que eu conheço pra dizer uma coisa bem complexa.

Eu entendo perfeitamente a preguiça. A primeira vez que tive Watchmen em minhas mãos não passei do terceiro número. Foi há 10 anos e eu estava só começando a ler quadrinhos. Apesar de imediatamente ter ficado com algumas das cenas mais fortes da HQ em minha lembrança por anos, naquele momento Watchmen não era o que eu esperava encontrar em uma história em quadrinhos de super-heróis _ constatação correta. Aí eu cansei e desisti _ reação precipitada, mas compreensível para quem só queria diversão despretensiosa.

Imagino que é o que acontece com freqüência com muitos filmes, livros, quadrinhos e qualquer outro tipo de obra de arte que proponha algo mais do que o de costume no seu meio. Para saber se faz parte do público de obras assim, depende de cada um perceber o quanto daquilo que já viu lhe basta e se quer experimentar algo diferente.

Não chegando a lugar nenhum com isso tudo, vou seguir com minhas impressões:

1 – A fantasia de haloween desse ano já é Rorschach disparado.

2 – O slow motion de Zack Snyder não me incomodou, nem a mudança do final.

3 – Gostei da trilha sonora, mas tenho a impressão de que, como disse o comentarista Lostguy da resenha do Judão, deveria ter sido usado mais música instrumental do que foi nas cenas do meio do filme (mesmo que a intenção pareça ter sido repetir a riqueza de referências da história em.quadrinhos).

4 – Ainda não percebi problemas de ritmo no último terço do filme como alguns têm apontado, mas eu só vi duas vezes... então...

5 – Concordo, principalmente, com a opinião, muito popular entre os fãs não radicais, de que o filme não é cem por cento simplesmente porque ele não é a HQ. Ele não dá conta de tanta informação que uma HQ de mais de 400 páginas contém sem a vantagem de se poder parar no meio pra refletir sobre uma cena, um diálogo, voltar umas páginas pra rever algo que passou despercebido, analisar todo aquele universo e pontos de vista narrativos diversos. Watchmen, como filme, não dá essa chance. Por isso, é claro que quem leu vai ter uma experiência mais completa.

MANNSSS... isso não significa que se você não leu não dá pra, no mínimo, se divertir. E isso, se você não faz parte do grupo das pessoas que esperaram esse filme há tanto tempo que o veriam mesmo que tivesse sido feito pelos irmãos Wayans, já vale o ingresso.

5 comentários:

Anônimo disse...

Paulinho, tou aqui de novo no seu blog. eu queria escrever um pouco sobre suas idéias, mas são duas e tanta da manhã. Tou de pé desde as cinco da matina de ontem e vou levantar daqui a pouco. Eu volto, tá legal? Um grande abraço!

Edvaldo Santos disse...

É uma obra prima! Logo nos primeiros dez, quinze minutos, saquei várias referências pop e históricas no filme. Talvez não tenha feito tanto sucesso quanto o esperado porque ele exige bem mais do que os neurônios da maioria das pessoas estão acostumados a oferecer numa sessão de cinema. Só lamento o fato de não terem colocado legendas nas músicas que tocavam durante a exibição(?!). The Sound of Silence do Simon e Garfunkel no enterro do Comediante foi uma grande sacada! O dvd já é parte da minha lista de compras. Só não encabeça porque eu vou esperar abaixar o preço ;p

Lucas Pimenta disse...

Paulinho meu brother, Watchmen é filmão... bem fiel, e interessante!

1 – A fantasia de haloween desse ano já é Rorschach disparado.

Há controvérsias... Assim como no ano passado, o coringa de enfermeira vai ser a fantasia do haloween durante anos a frente ainda...

No mais, parabéns pelo blog, bem bacana.

P.s: Li watchmen a primeira vez aos 9 anos... de lá pra cá, já li mais umas 50! :)

E acredite, é uma ótima HQ de super herói... pode ter revolucionado o quadrinho de super herói, mas a Europa já fazia o que Moore fez, muito tempo antes... Aliás de onde Moore aprendeu... moore só deu sorte de ser publicado nos EUA o que lhe deu projeção mundial... O mestre Jodorowisky, de quem Moore copiou muitas idéias, está anos luz a frente do barbudo... e com "bem menos" projeção... e muito mais material de qualidade.

Abração

Mateus Carvalho disse...

Desta vez faço parte da tribo dos que foram ao cinema sem ter lido a obra original antes. Posso dizer que foi uma ótima experiência cinematográfica e como cinéfilo com carteira assinada, digo que até gostei de ter visto o filme antes de ler a HQ. Explico: na maioria das vezes que fui ver uma obra audiovisual baseada em uma literária, já conhecia a original e me martirizava com "pô, cortaram aquela parte", "como puderam modificar aquilo" ou até mesmo "esse cara nem existe na obra original". A edição definitiva está na lista de aquisições e quando tiver lido, tentarei não fazer comparações. Cada obra tem sua particularidade, mas será tentador não dizer pelo menos "essa fala devia ter entrado no filme". Hehe. Grande abraço, AP!

ParuVitu disse...

Nem vi a bagaça ainda... mas parece ser um tanto diferente. Não sei se vou arriscar ir no cine e sair frustrado. devo ficar no velho download mesmo...